A criança moradora do Distrito Federal classificada como suspeita para febre maculosa não está com a doença. Foram realizadas três coletas de sangue, nos dias 31 de agosto, 11 de setembro e 15 de setembro, todas com resultado negativo.
A Secretaria de Saúde (SES-DF) encaminhou as amostras ao Laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), localizado em Minas Gerais, unidade de referência nacional para a testagem de febre maculosa. Com os resultados negativos, somados às ações da vigilância epidemiológica e ambiental, a pasta encerrou a investigação do caso.
“Até o momento não foram registrados casos confirmados de febre maculosa no DF e as ações contínuas de Vigilância Epidemiológica e Ambiental permanecem sendo executadas”, afirma o subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Divino Valero.
Em 13 de setembro, a Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) da SES-DF realizou uma varredura no Pontão do Lago Sul para investigar possíveis carrapatos contaminados pela bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. Porém, sequer foram identificados carrapatos. Até hoje, tanto no Lago Sul quanto em outras partes da capital federal, não foram identificados carrapatos contaminados com a bactéria.
Definição do caso
A respeito da afirmação de que a criança moradora do DF estava com febre maculosa, Valero esclarece ser necessário haver uma investigação aprofundada a respeito de todos os casos suspeitos. “Essas doenças, como o próprio nome já sugere, são raras e requerem todo um preparo e uma metodologia laboratorial diferenciada, específica. Algumas delas, inclusive, com processos genômicos”, explica.
Por esse motivo, em caso de suspeita, a primeira atitude de um centro médico público ou privado é notificar o caso ao serviço de vigilância epidemiológica da SES-DF. “Temos que ter muito cuidado com a divulgação desses fatos, pois as situações suspeitas precisam, primeiramente, atender a definição de caso para a doença, apresentando os sintomas clássicos”, reitera o subsecretário.
O diretor de Vigilância Epidemiológica da SES-DF, Adriano de Oliveira, lembra que a febre maculosa é uma doença de notificação compulsória, isto é, qualquer unidade de saúde, pública ou privada, que suspeite ou confirme esse diagnóstico deve registrar a notificação no Sistema de Informação Oficial. “Não há qualquer caso registrado no DF. E a confirmação se dá após resultado positivo de duas amostras de exame específico, que preconiza um intervalo de duas a três semanas entre as coletas”, esclarece.
O que é a Febre Maculosa?
A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Ela pode variar desde as formas clínicas leves e atípicas até as mais graves, com elevada taxa de letalidade. Trata-se de uma doença causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato estrela.
No Brasil, duas espécies de Rickettsia estão associadas a quadros clínicos da doença: Rickettsia rickettsii, que leva à febre maculosa, podendo apresentar a forma grave, e registrada nos estados da região Sudeste e Sul do país; e a Rickettsia parkeri, que tem sido identificada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), produzindo quadros clínicos menos graves.
Entre os principais sintomas estão febre súbita; dor de cabeça intensa; náuseas e vômitos; diarreia e dor abdominal; dor muscular constante; inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés; gangrena nos dedos e orelhas; e paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória.
Recomenda-se que, assim que perceber a picada ou sentir os primeiros sintomas, a pessoa procure uma unidade de saúde para avaliação médica. O tratamento é feito com antibiótico específico e, em determinados casos, pode ser necessária a internação do paciente. A falta ou a demora no tratamento da febre maculosa pode agravar o caso, podendo levar ao óbito.
*Com informações da Secretaria de Saúde