A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 18ª Delegacia de Polícia de Brazlândia, deflagrou na manhã desta quinta-feira (6) a Operação Wrong Way, que investiga um esquema de corrupção e fraudes dentro do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF).
A ação cumpriu 45 mandados de busca e apreensão em diversas regiões do DF e do Entorno, incluindo a Cidade do Automóvel, Taguatinga, Águas Claras, Vicente Pires, São Sebastião, Riacho Fundo, Santa Maria, Ceilândia, Vila Planalto, Noroeste, Pedregal e Águas Lindas de Goiás. Cerca de 120 policiais civis participaram da operação.
Esquema durou anos e envolvia servidores e empresários
As investigações, que duram há um ano, começaram a partir de informações da Corregedoria do próprio Detran-DF, que identificou dois servidores suspeitos de emitir autorizações de transferência de veículos (ATPV-e) sem a documentação necessária.
Segundo a PCDF, eles recebiam R$ 150 por processo e emitiram centenas de transferências irregulares ao longo de quatro anos. Pelo menos 36 empresários e 15 empresas do ramo automotivo estariam envolvidos no esquema.
Essas empresas atuavam como despachantes informais e prometiam entregar veículos “já transferidos”, sem que o comprador precisasse ir ao Detran. Os servidores usavam suas credenciais no sistema Getran, responsável pelos registros de veículos, para facilitar as fraudes.
Primeira fase e novos desdobramentos
Na primeira fase da operação, em março deste ano, a PCDF já havia encontrado processos de transferência fora das dependências do Detran, o que motivou o afastamento dos servidores investigados.
A investigação também descobriu movimentações financeiras incompatíveis com os salários dos suspeitos, além de transações ilegais e tentativas de ocultação da origem do dinheiro. Em alguns casos, as movimentações bancárias chegaram a dez vezes o valor do salário.
O material apreendido nesta fase será submetido a perícias e análises técnicas. A Justiça também determinou a suspensão das funções públicas dos servidores investigados.
A Operação Wrong Way (“Caminho Errado”, em tradução livre) é resultado de um trabalho técnico e minucioso que cruzou dados administrativos, bancários e digitais, além de depoimentos de testemunhas e suspeitos coletados ao longo de 12 meses.
