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“Sou vítima de uma trama diabólica”, diz condenado por ataque a bomba

“Sou vítima de uma trama diabólica”, diz condenado por ataque a bomba
Depoente disse que deu carona a Alan Diego até o aeroporto de Brasília sem saber que ele transportava uma bomba

Wellington Macedo de Souza, condenado e preso pela participação na tentativa de explosão de um caminhão-tanque de combustíveis no aeroporto de Brasília, foi ouvido pela CPI dos Atos Antidemocráticos nesta quinta-feira (05). O depoente cumpre pena por ter transportado Alan Diego dos Santos, também condenado, juntamente da bomba que foi colocada no caminhão.

À comissão, Macedo afirmou que atendeu a um pedido de Alan, que queria uma carona ao aeroporto, sem saber que ele transportava uma bomba. Ele afirmou ser vítima de uma trama arquitetada por Alan e George Washington de Oliveira, também condenado.

“Sou vítima de uma trama criminosa e diabólica de dois homens que eu não conhecia, que eu não tinha nenhuma ligação política nem profissional. Por ter um coração bom, eu, inocentemente, não percebi que eu estava caindo nessa trama”, afirmou Wellington ao presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT).

Wellington dá sua versão sobre o dia do atentado

O depoente narrou o que teria ocorrido no dia da tentativa de explosão do caminhão. Ele informou que, ainda pela manhã, havia deixado sua esposa no aeroporto e, ao voltar para casa, recebeu uma mensagem que pedia que ele desse outra carona a um dos manifestantes ao aeroporto novamente.

Macedo então se dirigiu ao acampamento e foi apresentado a Alan Diego, que carregava uma mala e uma sacola. Ele afirmou que Alan parecia nervoso e que pediu que parasse em alguns locais antes de chegar ao destino. Informações da tornozeleira eletrônica de Wellington confirmam que eles passaram pela rodoviária do Plano Piloto e pelas regiões administrativas de Samambaia e Taguatinga. Posteriormente, investigações apontaram que os investigados chegaram a cogitar instalar a bomba na subestação de energia de Samambaia.

Ao chegarem ao aeroporto, o depoente conta que Alan não quis descer do carro e que os dois passaram a rodar por diversos pontos de Brasília. Foi então que, já próximo das 3h da madrugada, retornaram ao aeroporto, momento em que Alan teria avistado o caminhão de combustíveis e pedido para que ele estacionasse o carro ao lado.

Wellington disse que somente nesse momento percebeu que transportava uma dinamite em seu carro e que se travava de um atentado. Ele contou que viu Alan instalando o artefato e que chegaram a discutir porque sabia que todo seu trajeto estava sendo monitorado pela tornozeleira eletrônica que utilizava desde 2021.

“Eu entrei em pânico, em desespero, porque ainda havia uma mochila dentro do carro e eu pensei que pudesse haver mais artefatos” disse o depoente. Ele contou ainda que Alan permaneceu com o detonador da bomba em mãos durante todo o trajeto de volta e que, no caminho, avistou uma viatura da Polícia Militar, tentou sinalizar o que havia acontecido, mas não conseguiu.

Depoente diz não ter ligação com grupos extremistas

Wellington afirmou à Comissão que participou dos acampamentos bolsonaristas na frente do QG do exército em Brasília apenas como profissional de imprensa. Ele disse que à época era correspondente do jornal Folha de S. Paulo e que mantinha contato com os acampados em buscar de pautas jornalísticas para suas matérias.

 

Ele contou ainda que não era bem visto por alguns integrantes do grupo bolsonarista que questionava os resultados das eleições porque havia desconfiança, por parte dos acampados, de que ele estivesse vazando informações confidenciais.

Macedo relatou ainda que foi agredido em uma ocasião. “Cheguei a ser agredido por um grupo que controlava um carro de som. Eles estavam em uma reunião e eu cheguei gravando. Eles não gostaram e partiram para cima de mim, chegaram a quebrar meu equipamento”, declarou.

Distritais divergem sobre depoimento e condução da CPI

O deputado Fábio Félix (PSOL) rebateu o argumento do depoente de que sua participação junto aos movimentos bolsonaristas era de cunho estritamente jornalístico. Segundo o distrital, a atuação de Wellington era política, e não profissional. “Nos últimos anos, o senhor se dedicou a uma militância política no YouTube pró-bolsonaro. O senhor foi expulso do sindicato dos jornalistas, aquilo não era jornalismo”, declarou Félix ao depoente.

Já o deputado Pastor Daniel (PP) criticou duramente a condução da CPI e cobrou a individualização das penas. Segundo Pastor Daniel, o presidente da CPI não debateu com os demais pares a mudança na agenda da comissão, que receberia nesta quinta-feira (05) o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha ou invés de Wellington.

O distrital criticou ainda o fato de a comissão convocar Wellington, que é jornalista, e não aprovar a convocação do repórter fotográfico Adriano Machado, que fez cobertura jornalística dos ataques no dia 08/1. O presidente da comissão já declarou, em diversas ocasiões, que o fotógrafo não será chamado em respeito ao não cerceamento do trabalho da imprensa. Thiago Manzoni (PL) fez coro às críticas de Pastor Daniel e contestou a não convocação à CPI de figuras do atual governo, como o ministro Flávio Dino.

O deputado Gabriel Magno (PT), por sua vez, elogiou a postura da presidência da CPI, afirmando que o depoimento de Wellington será de extrema importância para a elaboração do relatório final pelo relator da comissão, deputado Hermeto (MDB). Magno contestou ainda o argumento de que os acampamentos em frente ao QG do exército não teriam contribuído para os ataques às sedes dos três poderes no dia 8/1. “O QG era uma incubadora de criminosos”, afirmou.

Fonte: CLDF

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