Um erro de notificação que vem sendo entendido como ataque hacker no sistema Khronos, usado pela Secretaria de Educação (SEE) para distribuir professores pelas escolas públicas, afetou 55 escolas de Ceilândia na manhã da quarta-feira (16). O ataque foi descoberto no início da tarde e já está contido. Servidores da Coordenação Regional de Ensino (CRE) de Ceilândia fizeram um boletim de ocorrência.
“Queremos saber o que está por trás disso, se é fraude, sabotagem, com que motivação”, disse a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, que conversou com o secretário de Segurança Pública, Júlio Danilo. “Daremos prioridade total para termos uma investigação célere”, disse o gestor. “Atacar a educação pública é muito grave”. O caso será encaminhado para a Delegacia de Crimes Cibernéticos.
O ataque consistiu na invasão do sistema e na notificação de desistência de 200 dos 1.248 professores contratados como substitutos pela CRE da Ceilândia. Uma vez assinalada a desistência, o sistema cancela a designação do professor para a escola e convoca um outro que tenha passado no processo seletivo simplificado – realizado em novembro do ano passado.
Notificação fraudulenta
“Isso causou um imenso constrangimento, pois o diretor da escola visualiza a notificação da desistência no sistema, acha que não tem professor e alerta os alunos da turma”, explicou a subsecretária de Gestão de Pessoas da CRE de Ceilândia, Ana Paula Aguiar. Quando cancela uma designação e faz um novo chamamento, o sistema também vai atrasando automaticamente o preenchimento de vagas nas demais escolas, congestionando a rede.
A notificação de desistência, porém, era fraudulenta. Foi feita por um usuário que entrou com as senhas de duas servidoras da CRE de Ceilândia. As operações no sistema Khronos foram efetuadas entre as 9h e as 10h30. Durante esse tempo, as duas servidoras estavam participando de conferências no Google Meet, justamente atendendo professores da rede.
O ataque foi percebido quando alguns professores procuraram regional de ensino dizendo ter sido notificados por e-mail de que haviam desistido da vaga. Eles avisaram que não desistiram e estavam prontos a assumir as turmas para as quais haviam sido designados.
Ana Paula Aguiar explica que, quando a Unidade de Gestão de Pessoas da CRE da Ceilândia a informou da ocorrência, ela imediatamente precisou interromper o preenchimento de vagas de professor naquela regional para refazer os processos fraudados, o que causou ainda mais engarrafamento. “Nós tínhamos vagas a preencher em Ceilândia, algumas escolas ainda sem professor, e o processo foi afetado pelo problema das notificações falsas”, relatou.
A CRE da Ceilândia comporta ao todo 97 escolas. Lá, estudam pouco mais de 80 mil estudantes e lecionam 3,5 mil professores. Informações preliminares da Unidade de Gestão de Pessoas registram que o ataque afetou sobretudo escolas classe, que oferecem ensino fundamental nos anos iniciais e finais, ou seja, do primeiro ao nono ano, abrangendo crianças e jovens dos 6 aos 15 anos.
Fonte; Agência Brasília