Ficar sem bateria no celular é um dos terrores da vida moderna. Para quem tem carro, a solução, muitas vezes, é carregar o aparelho no próprio veículo. Mas essa prática pode representar riscos, se não forem tomados alguns cuidados simples.
O alerta é do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). Em 2020, a corporação investigou um incêndio que, inicialmente, teria começado graças a um frasco de álcool em gel. Porém, após estudo técnico da Diretoria de Investigação de Incêndio (Dinvi), ficou comprovado que o fogo começou na região da tomada de 12V, onde estava conectado um carregador veicular.
Para chegar ao resultado, os militares realizaram testes em laboratório e aferiram temperaturas de 80,4º C no plugue, 100,9º C no cabo condutor e 153,8º C na bateria. “A gente sempre prega que o consumidor busque os produtos que são certificados. Nesse estudo próprio, a gente viu três possíveis pontos de fragilidade, sendo a tomada, o cabo e a própria bateria. E a gente viu que tem a possibilidade de deflagração [do incêndio] por causa da temperatura”, explicou o tenente Hoffman Monteiro.
Além do uso de produtos certificados, é importante também estar atento ao acondicionamento correto deles, bem como evitar deixar próximo da tomada materiais que possam servir como “carga de incêndio”, a exemplo de roupas e papéis. Outro cuidado fundamental, destaca o tenente, é retirar o carregador da tomada sempre que ele não estiver em uso. “O plugue desses carregadores fica ligado mesmo quando o veículo está desligado. Então, o que a gente aconselha? Primordialmente, é o fato de trabalhar com produtos que sejam certificados, que tenham boa qualidade, que contem com selo do Inmetro. E o segundo ponto é sempre remover o equipamento quando não estiver sendo utilizado.”
Cabe ressaltar que o alerta é para os conectores usados nas tomadas de 12V – aquelas que antigamente eram conhecidas como acendedor de cigarro. As entradas USB presentes em carros novos são mais seguras. “Além de ser um risco menor, ele já vai ter lá dentro o dispositivo de segurança para ele. Além do fusível, ele vai ter alguns reguladores de tensão dentro do próprio carro e aí você pode usar tranquilamente. Até o carregador de indução, que os carros novos têm. Quando vem de fábrica, o fabricante já assinou, então, como a gente diz, é produto de primeira qualidade”, aponta Hoffman.
Estudos
A Diretoria de Investigação de Incêndio funciona como uma “universidade” dos bombeiros. Por lá, são desenvolvidos estudos que tanto auxiliam o trabalho da própria corporação quanto embasam decisões de entidades de certificação e de normas, como o Inmetro e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
“A gente trabalha muito nessa parte de desenvolvimento acadêmico para trazer o cunho técnico-científico para a parte experimental de tudo o que o bombeiro faz. A gente também faz alguns monitoramentos de comportamento do fogo, para ver se os ataques estão sendo feitos da forma correta”, elenca o tenente. “Por último e não menos importante, a gente faz análise pericial das amostras coletadas, que é justamente o que vai munir o perito de informações para que ele tenha capacidade de corroborar ou refutar as hipóteses, seguindo a metodologia científica que a gente tem que ter na hora de fabricar os nossos laudos”, acrescenta.
Todo esse trabalho tem servido de inspiração para outras equipes pelo mundo. “A gente é referência nacional e já conseguiu chegar na parte internacional, indo para alguns países treinar coirmãs na parte militar”, exalta.